quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Só minha


Suspiro romper essa condenação,
só minha!

Ver a águia devorar minha entranha,
sucumbir ante sua volúpia, tamanha!
Mais um dia, mais uma vez. Não!
Com o sol,
chegará o amanhã,
novamente em suas asas,
mil emoções!
O prazer de ser saborosamente consumida,
a dor de ser martirizada,
presa nesses grilhões,
vejo-me envolta e confusa
em uma névoa espessa,
louca de paixão, difusa,
esparsa,
que ora me acorrenta,
ou aos poucos me liberta.

3 comentários:

flânerie e linguagem disse...

O eu-lírico é só desejo. "Deseja o desejo". É própria amplitude do prazer sem culpa. Se há a condenação "de ser saborosamente consumida,
a dor de ser martirizada,
presa nesses grilhões", ela,penso eu ser um eu-feminino, não quer se desvencilhar dessa pena de viver sôfrega por ser consumida, aniquilada frente a compulsão do querer.
Esses versos: "vejo-me envolta e confusa
em uma névoa espessa,
louca de paixão, difusa,
esparsa" fazem compreender que o turbilhão de emoções já é compartilhado com a alteridade e ambos se tornam um. O fechamento do poema confirma isso, pois, o mesmo acorrentamento é o que liberta. Escravo do amor, escravo do prazer. Que bela dialética, não?

Angie disse...

É o preço que se paga por uma escolha "mal conduzida..."

Angie disse...

O preço, somos nós quem fazemos, bem como nós quem pagamos.