domingo, 29 de julho de 2007

3 corações

O céu se põe.
Um manto de nuvens o cobre,
despedindo a luz
que some pouco a pouco
Só ficam lembranças,
do dia de sol que passou.
Ficam as impressões
chegam as expectativas



Três remadas,
a agua passa.
Risca tranquila a lamina d'agua.
A canoa desliza
Na margem apenas sombra,
em frente não há contorno.
Tres remadas e um suspiro

Passo firme, madeira bamba
Quanto mais longe,
mais range e balança
Quero chegar no lado de lá,
nem arrisco olhar para traz.
Corro, corrro não me canso

Da areia quente,
da tarde morna
fica a marca,
impressão latente,
calma e turmalina.
Sem barreira a frente,
cruza e traça o destino
minha canoa placidamente

Toda tensão da travessia
reteza o corpo, energia
Candura, amor, ternura.
Te encontrar finalmente.

sábado, 28 de julho de 2007

mãe ! fudida, fudida e meia

Mãe !?
Fudida, fudida e meia.
A favela corre aqui,
nasci lá em Camará,
vamos levar frango assado !
você que me pariu por lá.


Vamos ir de roldão
Sem nenhuma hipocrisia
Abrir o isopor na areia
como sua Amiga Luquinha fazia.


Foi assim que fui feita
Nada tenho a esconder.
Preto, branco ou coisa feia
mesmo sangue nas veias.


Dondoca cale a boca
que a carruagem tá passando.
Vai ficar na pior.
é só tu fica fofocando.


Não me importa o que digam
Não vou levar caideira
meus pés firmes no chão
no barro subindo a ladeira

Selva de Pedra, passos adentro

Luzia seguiu seu caminho em volta da Selva de Pedra.
Enquanto isso eu caminhava cada vez mais para ela, para dentro dela, sem saber.
Dobrando à ultima rua do Jabour a visão se abria era de um campo de futebol.
Igual à muitos outros de terra batida, sem redes.
A sua direita estava o Rebu, à esquerda o Cavalo de Aço e no fundo a Selva de Pedra.
Todos os tres eram conjuntos de triagem, feitos para alojar favelados que perderam suas casas por inundações, incendios, despejos.
Triagem porque o tamanho da casa era inadequado como moradia para as famílias.
Seria uma passagem provisória para outras residencias.Mas o provisório se fez definitivo e os padrões mudaram.
Anos depois esse passou a ser o padrão de residencias construidas na região.
Quando chegava à beira do campo a Selva de Pedra ainda não se mostrava nitidamente.
Ou por causas das biroscas construidas em puxadinhos nas casas.
Ou porque na parte da frente delas haviam pequenos arbustos.
Ou talvez pela poeira do racha que estava sempre acontecendo.
E também porque sempre havia movimento de pessoas saindo e entrando da selva que turvavam a visão.
Contornando o campo chegavamos a rua que passava na frente do conjunto.
Um asfalto gasto, totalmente gasto, com buracos em muitos lugares.
Fomos caminhando travessa um, dois , tres, quatro , cinco , seis, e continuamos, travessa sete, antes de terminar o conjunto, travessa oito e dobramos a direita.
Entramos numa ruela cimentada, mal cabia um carro. As casa eram uma construção só com 4 habitações geminadas e que definiam um bloco.
Primeiro bloco, segundo bloco, terceiro, e após o quarto bloco havia um largo que cortava todo o conjuto onde se viam pequenos parquinhos com escorregas e outros brinquedos quebrados.
As paredes eram de cimento chapiscado.Umas caidas de branco, outras de tijolo, de azuis, de verdes, não caidas, poucas amarelas.
Mas aquele ponto o vão central do conjunto parecia melhor cuidado, menos esburacado.
Cruzamos em direção a casa de esquina, abrimos a portinha de madeira velha que dava acesso a meio metro de terra com algumas plantas e batemos palma e lá de dentro veio uma voz dizendo: podem ir entrando.
A casa tinha telhas de amianto e havia um vão entre as paredes e o telhado.
A sala era pequena mesmo, menor que imaginei, cabia algumas cadeiras, uma televisão e uma mesa com uma toalha velha e ali nos exprememos.
Foi então que conheci Madalena.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Saideira

Abaixo registro meu e-mail de despedida para os colegas de trabaho.

Veja bem... olhe só...

...nessa semana mostrei pra minha neta as nuvens rosa do por do sol.
As primeira estrelas que apareciam e a Lua que estava sobre nós.
Eu disse para ela que a Lua cantava e conversava.
Ela me respondeu que a Lua cantava para ela, e cantarolou uma musiquinha.
Mas me disse a Lua nunca havia conversado com ela ...e fez uma carinha tao triste, com um pequeno biquinho.
Por isso que convido os amigos que fiz ...para beberem um chopp em homenagem das coisas boas da vida...
Uma saideira.Voltando pro Rio...
Foram bons 7 anos de convívio.
Muito trabalho, algum stress
Mas antes de tudo, as horas que tive a honra de compartilhar com voces.

Como toda boa saideira, ela é: um até breve, até o próximo chopp.
Não será uma saideira exclusiva.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Celebração

Não pude estar presente.
A curiosidade enche meus pensamentos.
Como foi a festa e a celebração da união desses casal de amigos.
Sei que a comemoração, para o mais paulistanos dos cariocas que conheço teria que ser numa casa de massas.
Para São Paulo, é uma honra ter um carioca paulista desse naipe.
Me disseram que a lazanha era a melhor de uma vida inteira.

Por favor me respondam.
Quando o juiz de paz perguntou se Paulo aceitava Leticia como sua esposa qual foi o timbre de sua voz ?
Foi um timbre ligeiramente trêmulo para não ferir com quem falava ?
Foi de uma sonorizadade macia para expressar seu carinho ?
Só pode ter sido assim, porque isso que vi várias vezes !!